quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

SEIS DE COPAS




Hoje  eu estava meditando sobre o 6 de copas do tarô.
G. O. Mebes manda ter paciência, aceitar o sofrimento.
Robert Wang e Gerd Ziegler nos dizem que é uma carta de desejo, gozo; prazer em relações sexuais; rica troca de energia sexual e afetiva; renovação emocional.
Outros sites da internet nos dizem que é uma carta de passado, de saudades.
Outros nos falam da criança interior, dos medos, da ingenuidade, da pureza, e por aí afora...
Que confusão!
Para mim a carta do 6 de copas deveria ser a carta da plena realização emocional, da troca perfeita, do amor compartilhado.
Outros dizem que novos tempos virão, que é hora de deixar o passado para trás.

Se todos tem razão, então começo a acreditar que este Arcano é mágico.
Se seguirmos a grande diversidade de significados que nos dizem, poderemos perder nossas oportunidades de sermos felizes.
O tarô é uma arma perigosa nas mãos de leigos.
Precisamos de mestres que consigam destilar a essência.
Seis copas transbordando uma na outra.
Quem poderia querer coisa melhor?
Só o ser humano é capaz de sofrer tanto por coisas que não consegue entender.
Só o ser humano é capaz de sentir tanto medo, se refugiar do amor.
Em minhas experiências com esta carta eu só obtive decepções e sofrimentos emocionais.
Em outras nada aconteceu.
Mas, nos poucos momentos em que a vivenciei, tenho certeza que se desse certo eu estaria no paraíso.


terça-feira, 24 de dezembro de 2013




Agradeço a todos os meus seguidores e leitores de todo os países pela recepção e divulgação do meu blog.

UM FELIZ ANO NOVO

Celso Orsini

domingo, 7 de julho de 2013

Celso Orsini

   


Uma ponte de madeira atravessa o rio, e no horizonte o arco íris aparece colorindo o céu.
As nuvens clareiam e se espalham depois desta chuva de outono.
A paisagem não poderia ser mais bonita que a vejo.
Uma vontade de ir, de recomeçar.
Um caminho calmo e seguro atravessa o rio.
O retrato convida-me para acariciá-la ao passar.
Estas madeiras simpatizam comigo.
Do lado de lá um novo horizonte.
Do lado de cá pequenas esperanças, grandes pesares por deixar.


Os anjos descem sobre a Terra e a luz divina brilha em seus olhares... e  alguns deles... são demônios.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

MEU ANJO



Meu anjo tem o nome que me deu,
E as asas brancas como a neve das montanhas.
Com suas vestes coloridas, segue brilhante pelos céus do meu paraíso,
Com sua espada reluzente, translúcida.
Tem uma altura que não sei mensurar,
Uma beleza que não sei descrever.
Meu anjo desce poderoso, e sinto-o poderoso.
Seu grande amor me fascina,
E me faz chorar como qualquer criança choraria de emoção.

Celso Orsini

                                                   
                                                      Parte I

Inverno de 2013

Quando perguntei a Peter sua opinião sobre os nossos anjos da guarda, ele me posicionou com várias teorias, mas não soube o que me dizer ao final.
Em nossos conhecimentos ocultistas não existiam lugares para eles sobreviverem, a não ser como simples arquétipos, representações simbólicas de forças universais, jamais entidades morfológicas divinas e reais.
Para avançar, teríamos que lidar com a nossa fé, vencermos o ceticismo e discutirmos questões teológicas.
Peter, no momento, dedicando-se a outros cursos profissionalizantes, com o aumento de suas consultas terapêuticas, estava exausto.
E eu, com tantos problemas externos para resolver e a marginalização crescente que desabava em meu ambiente de trabalho, também andava esgotado e irritado.
Depois de alguns dias de sóbrias discussões, paramos por aí.
Nossas mentes já cansadas de divagar, não conseguiam mais racionalizar tais questões.
Perdemos o prazer intrínseco da questão e o foco do debate se perdeu, e Peter se desinteressou.

                                                      Parte II

Certa noite, ao chegar em casa, visivelmente incapacitado para encontrar explicações plausíveis sobre o meu anjo, sem bases teológicas suficientes, desisti de pensar e resolvi perguntar ao universo.
Cada esquizofrênico tem suas manias, e eu tinha as minhas.
De madrugada, na cozinha, bebendo minha caipirinha e preparando o meu jantar, um sentimento aflorou.
Perguntei ao meu anjo:
— Quem é você? Como posso lhe classificar? Qual é a sua função? Qual a diferença entre você e os meus outros guardiões? — e me extasiei.
Mas me extasiar não quer dizer que enlouqueci.
Mas também nunca disse que sou louco.
Sempre afirmei que sou um romântico sonhador, vivendo num mundo maior do que o meu.
Sempre controlei minha criatividade, abafei meu delírios, mas isto estava cada vez mais difícil de se manter.
Sempre tive medo de enfrentar o desconhecido, de errar.
Sempre evitei dizer certas coisas sem nexo que alimentavam meu coração, abrir minha mente, e ousar.
E digo a todos os que têm medo de ousar e expor-se ao ridículo: Ousem, não tenham medo de ser imbecis.
E reenvio esta mensagem para mim mesmo, que não aprendi bem certas lições.
Mas neste dia eu já estava cansado de pensar o era certo, e de usar a razão para me controlar.
E liberei meu mundo para um outro ser de um outro mundo me explicar.
Nesta madrugada eu estava sozinho, sonhando apaixonado.
E o meu espírito aproveitava a oportunidade, e a minha intuição emergia, e eu delirei.
Meu anjo me disse:
— Faça o que você quiser, mas antes te aperfeiçoe e te ilumine que eu te protegerei.
— Mas como você irá me proteger Tzadkiel?
E Seu nome surgiu naturalmente, sem eu o perguntar, como o fiz anteriormente com Uriel.
E Tzadkiel me falou:
— Eu te protegerei com a minha força e o meu poder. Sou um enviado de Deus, e este é o meu dever.
— E o que Ele te ordenou Tzadkiel?
— Ele me ordenou para que te protegesse e cuidasse de ti. Ele me ordenou para que te guardasse por todo uma vida. E se hoje estou aqui na tua presença é porque você me chamou. De agora em diante estaremos mais próximos. Nenhum mal te acontecerá. Não te preocupes, eu te defenderei!
E uma força indescritível desceu sobre mim, a ponto de fazer-me chorar sem parar.
E na solidão de minha cozinha, na sofreguidão, eu me emocionei.
E percebi que este anjo, neste momento, não portava espada em sua mãos.
E sua intensa energia desesperava-me e sua grandeza me diminuía.
Perguntei emocionado:
— Mas como um ser espiritual poderá me proteger?
— Eu sou o seu guardião, o único de seus amigos que tem poder sobre a matéria!
— E quem é Uriel? E quem é Clara, Tzadkiel? Quem são eles afinal? Qual a diferença entre vocês?
— Uriel e Clara são espíritos irmãos que vieram te ajudar, te orientar. Mas eu sou o teu protetor, o único que poderes para te defender nesta Terra.
— Você pode atuar no mundo físico Tzadkiel?
— Posso!
— Pode me desviar de um tiro?
— Posso!
— Pode me livrar das agressões?´
— Posso!
— Mesmo que sejam de muitos?
— Com certeza que sim!
E, num delírio visionário, um exército inimigo caia ante suas mãos.
E as respostas do meu anjo chegaram assim, numa madrugada solitária e silenciosa, sem ao menos eu expectar por sua presença, sem ao menos eu lhe perguntar o seu nome.
E quando eu lhe pedi que se aproximasse mais, ele se negou, dizendo-me que eu não o iria suportar, que eu ainda não estava preparado para o receber e que ainda tinha muito o que aprender.
E uma força indescritível desceu sobre meus ombros.
E, aos prantos, emocionado e descontrolado, ouvi Tzadkiel me orientar:
— Prepare-se meu filho! Prepare-se para me receber! Quando chegar a hora eu me aproximarei e te mostrarei minha força e o meu poder.
E Uriel, meu amiguinho espiritual, que antes falava-me sem cessar, calou-se ante ao poder e o amor deste anjo, e não soube o que me dizer.
Percebi que Uriel que felicitava-se por mim.
E que ele e Clara sorriam tão comovidos quanto eu, mas que Tzadkiel estava sério.
E defronte o poder deste enviado Amado, todas as vozes se calaram, todos os medos se perderam, porque nós sabíamos que este anjo vinha de Deus, que era um dádiva de Deus.


SENTIMENTOS


"Se estou apaixonado, tenho medo de amar.
Minha mente inquieta-se, não me deixa sentir.
Com medo, adio o momento e recuso-me um prazer.
Não aprendi a amar, apenas conheci o prazer e a paixão do sofrer.
Não confio em ti minha amada e afasto-me de teus defeitos com minha razão.
Sem entregar-me, desespero na dor e deixo o tempo passar.
Não te quero com posse, mas meus instintos irão te cobrar, minha amiga.
Se não vim para ficar, porque pareço que sou imortal e recuso-me a amar?
Não aprendi a aceitar, aprendi a sonhar.
Inseguro pra dizer-te, para não me exigires também e para não te perder, que amo você."


O AMOR

"O amor verdadeiro não grita nem se desespera,
é silencioso e forte como um rio
que segue em frente.
E só consegui ouvir seus murmúrios quando silenciei o meu coração."


"O amor que está em mim, adormece dentro de mim.
Quando penso que é desvario, ele acha que tem suas razões para ser inconstante.
Quando sinto-me amando, ele me enlouquece, amando apaixonadamente.
Quando sinto-me inseguro, ele me dá sua segurança.
E quando sinto-me seguro, ele se torna inseguro outra vez."


"Se o passado virou presente e se vivi alguns momentos no céu, desvio-me do inferno que passei, pois Deus nunca esteve ali.
Ele sempre esteve no seu sorriso, nos momentos que te amei e fui feliz
E estas são as recordações que quero levar de uma época que passou."



"Hoje estou tão triste.
Tudo em que eu acreditava se perdeu.
Todas as minhas verdades você negou.
Todos os meus sentimentos você recusou
Não tenho mais nada para te dizer.
Não tenho mais nem esperanças para acreditar.
Faço minhas as tuas palavras.
Somos amigos e faço forças para acreditar nisto.
Mas até hoje não sei em que tempo isto aconteceu e nem sei como isto você foi entender.
Jamais vou conseguir trocar os meus desejos por uma amizade, tenho que aceitar.
Como posso te estender a mão, sem dizer que te amo.
Você nunca irá me entender?
Você sempre tentará forçar o que não existe?
Se tornou impossível para mim continuar, sem dizer que amo você."

Hoje tive a certeza.
Quero você para mim, nem que tenha que enfrentar todas as tormentas do meu coração.
Quero você apesar de tudo.
Apesar de suas inconstâncias, apesar de seus amores e de sua entrega.
Quero você como jamais quis alguém.
Tenho ciúmes, mas suporto.
Tenho medo, mas enfrento.
Hoje uma anjo me soprou, que você é a mulher que venho para me fazer feliz.
Todos os enganos e desencantos vieram das inexperiências do passado, para eu  ver.
Vieram para me dar a sabedoria de não te perder.
Vieram para eu entender, que quando chegasse o tempo, eu olhasse para você com outros olhos.
Com os olhos da eternidade, e visse em você uma parte de mim que se tornou imortal.

Celso Orsini

PENSAMENTOS

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Hoje, tive a grata surpresa de te reencontrar.
Mas venha com cuidado, pois não somos mais os mesmos.
Os sentimentos ficaram no passado, mas mesmo assim, sinto-me feliz em saber que estás feliz.

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O amor que sentimos por nossos filhos não se comparam a nada, não se comparam a ninguém.

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Quem sabe a mentira tornou-se a virtude dos fortes? Quem sabe a verdade tornou-se a loucura dos fracos?

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Uriel me aconselhou:
"Diga a todos que você está feliz.
Diga a eles que você não vai mais participar de suas histórias, que o papel de coadjuvante não te serve mais. Diga a eles para entenderem, berre se quiser, que as histórias deles não são as tuas histórias, e que o enredo em que te incluíram não foi escrito por você.
Diga a eles que sua história acontece.
Certo ou errado elas acontecem para o teu sabor.
E que o certo e errado viajam velozmente, paralelos, até encontrarem-se na felicidade do teu querer, no infinito do teu ser."

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Hoje é um novo dia.
Expectativas novas, outros pensamentos.
Um novo amanhecer, com um outro sol para nascer.
Um novo frescor primaveril.
Hoje abri a prisão dos desejos,
E posso sentir meu querer.
Libertado dos grilhões da paixão, meu coração se engrandece,
Para dizer sem lamentar,
Não te amo mais.

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Escreva um livro e espere o que vai acontecer.
Ouça a voz de seu anjo e espere acontecer.
Escute o grito lancinante de seu anjo clamando dos céus e espere acontecer.
Escute os gemidos e os anseios de seu coração e deixe acontecer.
Abandone o medo, solte as amarras e se entregue ao destino.
Deixe a vida viver e espere o que vai acontecer.
Espere sem ansiedades o que vai acontecer.

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Tenho um coração partido.
Acredito num mundo que não existe.
Encanto-me com seu lindo sorriso, com seu jeito pueril.
Vou descobrindo o céu enquanto me mostra sua língua e sorri.
Vou enlouquecendo, transcendendo a realidade.
Neste encontro, nossos olhos se encontram.
Nesta sua louca sedução você me seduz.
Nesta minha insana atração por seu corpo, me falta a coragem de seguir...
E...vou desistindo, desacreditando... me arrependendo...

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Eu vim buscar o meu brinquedo.
Eu vim brincar.
E neste mundo todos os brinquedos são meus.
Todos os presentes são meus.
Não preciso de religiões.
Não preciso que me ensinem a brincar.
Não preciso que me digam quem amar.
Não preciso que digam quem eu sou.
Eu preciso aprender a brincar ao meu modo.
Eu preciso me divertir, me alucinar, me extasiar do modo que Deus me fez.
Querem me roubar meu brinquedo.
Querem que eu me sinta infeliz.
E eu jamais serei infeliz.

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Quem diria, te encontrar assim novamente.
Como é possível teus olhos castanhos continuarem com o mesmo brilho.
Ver esta pele macia e morena, como sempre o foi.
Como pude te deixar assim minha amada, inteira em tua essência,
Pura e inocente como a conheci.
Estou feliz por sentir os abraços que nunca esqueci,
Os beijos que me faziam sonhar,
Tão inconsequentes ao amanhecer.
Algum dia um clarão infantil incendiou as florestas.
E elas queimaram e queimaram até destruir todos os detalhes de nossa vida.
Ficamos sem respirar.
Agora as águas estão descendo novamente as montanhas, para formarem novos rios... os mesmos rios de então.

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Frêmitos, desejos.
No silêncio da noite nada pode me alertar.
No silêncio, só meus sentimentos, nenhuma dor explosiva, somente alguns obstáculos aparentes.
No ambiente vazio o espaço se alarga e compreendo melhor a tua ausência.
Nos meus pensamentos impotentes, se talvez não houvesse o receio da escolha que nos faz recuar, quantos coisas poderíamos fazer.
E talvez nem precisássemos escolher.
Mas pensamentos significam o inferno, nosso inferno racional.
Na comodidade da vida esquecemos de lutar.
Na comodidade da vida esquecemos de continuar... de esperar... de tentar.

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No silêncio interior, as vozes me gritam.
"Celso!" Está na hora de partir.
E partir não significa morrer,
Significa apenas não me tornar tão disponível a quem queira me usar.
Me fastar do que não é meu, tentar uma nova chance de felicidade.
Têm pessoas que me procuram vorazes e pegam-me indefeso no mesmo lugar.
Mas elas não vieram me visitar, nem trocar, são interesseiras, querem só receber.
Outras acham que podem voltar depois de anos, como se nada tivesse acontecido.
Têm outras que me procuram só para beber.
E algumas se valorizam tanto, que não cedem em nada.
Tudo o que pertence a elas é valiosíssimo, se impõem descaradamente,
Não querem trocar nada, querem apenas receber.
E têm aqueles que querem ser meus amigos do face apenas para xeretear seus interesses pessoais.
Que cada um assuma os seus erros e que cuide de sua vida, porque ela nunca foi fácil para ninguém.
Já falei em meu blog que, antes de comprar o produto, deveríamos verificar o seu selo de garantia.
E em todas estas compras eu sequer fui notificado e nem sabia que foram feitas.
Ah, estes homens!
Depois não me venham procurar a procedência de suas mercadorias.
O apressado come cru.
Outro velho ditado.

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Enlouquecedoras horas que se passam enlouquecidas.
Ensandecidas paranoias.
As regras se quebram.
Basta misturar algumas cervejas e um pouco de vinho,
Para que todas as racionalidades que nos sustentam se esvaneçam.
E as safadezas surgem como conceitos inovadores, nunca antes experimentados.
Nascem como ousadias pecaminosas, como rebelião.
No quebrar das restrições, tudo posso arriscar.
Seus encantos afloram majestosos, ou estou tonto, tendo visões.
Ah, como é bom fazer isto no silêncio do mundo,
Quebrar as regras que priorizei há tempos, testar suas reações.
Tudo é novo em meu ser.
Deslizando pela ficção, desativo rígidos e inoperantes padrões de comportamento, paredes limítrofes,
E esqueço que descobriram a mente e as explicações.
Jogo tudo isto para o ar, e o que me diz para o lixo.
Vou torná-la minha cobaia, mais do que você me imagina fazer...
Estou bebendo.
Você está bebendo.
Dois bêbados.
Dionísio caminha entre nós e parece estar bêbado também.
Que suspense nossos instintos.
Chegou a hora da idolatria de nossos atos libidinosos,
De aventurar-me por este lado sombra que, acredito, você sequer imaginou.
Os instintos forçam passagem, se engrandecem para assumir o poder.
E a intuição vagueia entre o ser e o não ser,
Entre o arriscar-se com a intensidade e o não ser de minhas aflições.
Arriscarei a nossa insanidade?
Quero viver intensamente estes momentos, liberar meus desejos profundos,
Viver o que realmente preciso viver.

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Algum mundo está cheio de felicidade.
E nele estou feliz com você.
Nele brinco com as palavras, danço, e canto qualquer canção.
Minhas especialidades eu trago no íntimo, quando deixo resplandecer meu coração.
Minhas vias de escape se esquecem neste espaço que é meu.
Nenhuma censura na embriaguez, nenhuma acusação.
Nenhum pecado nos vícios que comungamos, nenhuma vergonha de sermos.
Nenhum pudor em mostrar quem você é, e quem eu sou, e que jamais contarei para alguém.

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Uma das coisas que nunca esqueci foi o seu caderninho de notas.
Lembro-me até hoje daquele entardecer frio de inverno em que você me leu suas poesias juvenis.
Lembro-me que retirou de seu longo casaco cinza claro, um pequeno caderno de anotações.
Queria saber minha opinião.
Não compreendi bem suas poesias juvenis,
Mas, sem dúvida alguma, me estarreci.
Sensibilizei-me com o que escreveu,
Pois jamais me esqueci daquele momento.
Ainda relembro quando você leu, depois de eu tanto insistir, algumas poesias de sua autoria.
Eu, ainda adolescente, me enterneci.
Não relembro mais o que estava escrito em seus poemas juvenis,
Nem o que você eternizava com eles.
Sei que falavam de amor,
De um amor que tanto necessitávamos.
Esvoacei-me com a sensibilidade que você possuía,
Um dom que não me pertencia.
Não cheguei a invejá-lo, mas sim a admirá-lo.
Apreciei seus versos humildades e sublimes. que se encorpavam e se envergonhavam de se me mostrar.
Poemas pessoais, reveladores de sua alma, escondidos naquele pequeno caderninho,
Que iluminavam o seu criador.
Sempre sentirei saudades suas amigo.
Não tivemos muito tempo de vida para nos conhecer.
Mas hoje sei que você foi uma pessoa muito especial para mim,
Caso não fosse, eu não o relembraria mais.
Depois de tanto tempo, não consigo te esquecer naqueles tempos que passaram.
Depois de 44 anos desta cena, ao relembrar, eu só posso dizer:
Naqueles tempos, eu jamais compreenderia o valor daqueles momentos,
De sua importância para mim.
Alguns minutos seriam impossíveis para descrever minha juventude, para compreender que iria relembrá-lo por toda uma eternidade.
Eu jamais te esquecerei meu jovem amigo, tão jovem quanto eu.
Jamais te esquecerei.
Você não viveu sua curta vida em vão.
Saudades de você,
E da angustiante incompreensão desta vida tão passageira.

#

Posso estar cometendo um erro em ouvir você falar.
Você é tão teimoso quanto eu, mas sempre consegue desfazer o meu libre arbítrio.
E vou arriscar os seus conselhos,
Deixar as minhas contas a seu favor.
Posso estar perdendo a noção da realidade por acreditar no que está me dizendo,
Que nada acontece como imaginei acontecer.
Então, acredito, com uma fé duvidosa, que tudo sairá bem.
E me entrego a esta voz divina enlouquecedora, desconhecida de minha mente e tão familiar aos meus pensamentos.
E deixo todos os meus sentimentos e o meu destino em suas mãos.
Sempre estou apostando em você, confiando em você, duvidando de você.
Às vezes sinto-me enganado por seus conselhos otimistas que me levam para o buraco.
Mas depois, quando sinto a beleza resplandecente em minha alma, começo a lhe entender.
Resplandeço melhor.
E vou vivendo melhor, compreendo melhor, um artista melhor.
E vou me aventurando neste trajeto mortal, com uma incoerência que me torna feliz, imortal,
Por não desistir de meus sonhos, por uma euforia contagiante.
Jamais consegui me entregar totalmente aos meus sonhos, ou para alguém.
Você me conhece muito bem,
E ainda quer que eu me realize nestes desencontros que são meus encontros pessoais.
Nestas dívidas pessoais que não devo dispensar.
Quer que eu mude, reencarne, sei lá!
Você deve estar totalmente insano em suas razões, mas eu me sinto mais vivo assim.
Você implora para eu explorar os erros que sempre temi e enfrentar este caos.
E eu estou tentando... tentando... tentando.

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Como é difícil me reencontrar.
Lembrar daqueles dias que me amei sem pensar.
São tantas coisas que fugidias continuam comigo.
São lembranças que preciso lembrar.

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Desculpem-me pelo que sinto.
Para mim vai ser muito muito difícil esquecer você.
Desculpem-me pelos pensamentos que criticam, pelas inferências que fazem.
Para mim vai ser muito difícil ficar longe de você.
Desculpem-me pelas mãos que toco e me sustentam,
Pelo cheiro que necessito viver e lembrar.
Desculpem-me os que acham que estou me perdendo,
Que acham que estou perdendo você, me aproveitando de você.
Estou amando, somente isso.
Estou amando você.

#

Algum tempo atrás eu não sabia bem quem eu era.
Sei apenas que tudo era motivo para me divertir, aproveitar.
Algum tempo atrás eu não sabia bem o que eu queria, nem exatamente quais as cores que se destacavam do arco-íris.
Sei apenas que suas variações coloridas me encantavam e faziam pensar.
Há tempos atrás, uma simples chuva trazia o seu cheiro que eu adorava cheirar.
E uma pequena nuvem esbranquiçada perdida no céu, ou uma cinzenta que o percorria, eletrizavam o ar e gravavam-se em minha memória.
Um simples olhar feminino me seduzia, e esquentava-me a alma sem eu saber o por quê.
Uma pequena rua trazia seus mistérios, alguma aventura.
Uma longa avenida fervilhava de emoções.
Um grande centro da metrópole fazia-me um ídolo, uma pessoa especial.
Cada dia nascia com uma expectativa, uma surpresa.
E deixavam-me numa ânsia escondida, uma novidade por vir.
Muitos deles, ociosos, enganavam-me a alma, traíam-me os sentimentos.
Outros deixavam-me feliz, eufórico por viver.
Mas todos traziam-me a ânsia do futuro, de ser, de reencontrar você.
De reencontrar vocês.
E a verdade surgiu com o tempo, se confirmou.
E fizeram de todos aqueles dias de sonhos esperançosos, reais.

#

Saudade.
Não consigo apagar este sentimento.
A distância e o tempo não impõem limites para relembrar.
Todas às vezes que eu disse que te amava eu estava sendo sincero.
Todas às vezes que eu pensei que a distância e o tempo não fossem nos separar, eu não me enganava.
Quando pensei que jamais perderia a esperança de te ter, eu não me iludia.
Quando falei que sempre te amaria, eu estava confiando em meu coração.
Mas, nesta noite, não te espero mais.
No esquecimento e na amargura, não te espero, nem sei mais se quero te ver.

#

Como pode um simples "oi" me deixar tão feliz.
Como pode o simples fato de saber que você existe, me deixar tão feliz.
Como pode o seu sorriso iluminar o meu dia, a sua tristeza me entristecer, a sua presença me transportar para o céu.
Como pôde eu me entregar assim.
Sinto que meu anjo e protetores também gostam de você.
Percebo que minha criança interior, em sua presença, emudece.
Nestes momentos não a ouço falar.
Parece tão extasiada quanto eu em te olhar, pois nem me convida para brincar.
Nestes momentos, milagrosamente, quando você aparece, o tempo perde o sentido e todas as atenções se voltam para você.

#

Às vezes, imagino que projetei-me, ou que me projetaram de algum lugar.
Como um míssil teleguiado, enviei-me, ou catapultaram-me para este lugar.
Devaneio que, utilizando-me da mira de um laser, calculei em espírito as coordenadas do lugar onde nasci.
O lugar de onde eu venho, com certeza, deve ter alguma relação com as imagens que povoam o meu mundo.
Pois crio monstros, entidades surrealistas.
Invento histórias com alusões doentias.
Histórias que sequer existiram.
Espero com fé minha sorte, e por pessoas que terei que encontrar como se fosse um destino.
Acredito no livre-arbítrio, mas, às vezes, minha alma duvida que a estrada que percorro possua seus atalhos.
Depois que vivi, parece que tinha que viver o que vivi.
Tenho desejos inerentes, vícios que reluto em deixar.
Amo meu Deus com toda a verdade e sinto-o ao meu lado.
Muita verdade deve haver em tudo o que somos e pensamos.

URIEL


                 "Is there anybody there?" said the Traveller
                  Knocking on the the moonlit door;
                  And his horse in the silence champed the grasses
                  Of the forest's ferny floor:
                  And a bird flew up out of the turret,
                  Above the Traveller's head:
                  And the smote upon the door a second time;
                  "Is there anybody there?" he asked. *                
   
                                                Walter de la Mare, "The Listeners".



                                               Parte I

Anos atrás decidi aventurar-me pelo desconhecido de minha mente e fui desbravar meu mundo interior.
Mas, agora, fui com mais consciência e sabedoria, fruto de experiências passadas, e acautelei-me.
Temeroso dos riscos psicológicos que corria, tratei do assunto cuidadosamente, como se fosse apenas um experimento científico, e, na medida do possível, desvinculei-o da realidade.
E numa ação controlada, ultrapassando fronteiras racionais, fui conversar comigo mesmo.
Como defesa, para não perder a razão e dissociar-me novamente, tentei não esquecer daqueles tempos loucos do tarô e da cabala.
Tempos em que eu transitava apaixonado e solitário entre o céu e a terra, caminhando sobre um fio tênue entre duas realidades, delirando enlouquecido entre os sonhos encantados das sephiroth e o da vida real.
Tempos em que alucinado com o poder de minhas descobertas, quase enlouqueci.
Mas, agora, disposto a aceitar novos desafios, disposto a desvendar os mistérios mais profundos de minha psique e de averiguar verdades espirituais que me intrigavam, iniciei a travessia e enfrentei os desafios de meu ser, com as ânsias do meu coração.
Sempre fui um questionador incurável, um vetor explosivo por conhecer.
À princípio, o interesse surgiu por acaso, como uma simples curiosidade, uma mera especulação filosófica.
Nasceu de nossas conversas incansáveis, de uma maneira subjetiva, alimentando-se de uma dúvida muito comum para a humanidade.
Peter e eu conversávamos muito sobre a probabilidade da existência de seres espirituais sobre a Terra.
E, se por acaso, tais seres espirituais existissem realmente, havia uma possibilidade muito grande de estarem nos observando e nos orientando nesta vida.
Se todas os mitos, credos e religiões, apesar de suas grandes diferenças culturais e raciais, possuíam similaridades, então alguma verdade devia existir.
Se havia fumaça, deveria haver fogo.
E se havia fogo, deveria haver centelhas divinas que os acendesse.
Então, quem sabe, não tentássemos contatar alguns deles?
Quem sabe não tentássemos nos deleitar com o sussurrar de nossos guardiões, nos encantar ao ouvir seus conselhos?
Quem sabe não poderíamos falar com o nosso anjo da guarda, nossos guias, ou o nosso eu interior, nesta curta jornada da vida?
Peter e eu não víamos sentido algum em sermos jogados neste mundo sem cuidados e proteção.
E filosofávamos insistentemente, por puro prazer, investigando conceitos religiosos, pessoas mediúnicas que conhecíamos e os escritos deixados por iluminados.
Seguidamente nos reuníamos no "cantinho", ou então ficávamos sentados atrás do balcão da ferragem conversando, exercitando nossas leituras de mente e nossas previsões, com o nosso respondedor interior.
Peter fazia-me as perguntas, e eu lhe respondia o que me viesse a mente e vice-versa.
Praticávamos estes exercícios quase que diariamente e, com o tempo, confrontando nossas adivinhações com os acontecimentos do mundo real, constatamos que nestes processos de liberação da mente, nossos erros surgiam bem menores que nossos acertos.
Questionando-o a respeito de tais esquizofrenias, Peter respondia-me que a psiquiatria era uma das áreas científicas que menos evoluiu nestes últimos tempos.
Dizia-me que os conceitos utilizados pela psicologia para o tratamento de pacientes, ainda baseavam-se em Freud, e que poucos avanços ocorriam desde então.
Remédios eram apenas paliativos para o sofrimento dos doentes e um meio de inseri-los socialmente, e a cura de doenças mentais uma utopia, praticamente não existia.
Segundo ele, o cérebro e nossas idiossincrasias ainda eram assuntos pouco conhecidos da ciência.
Sem vislumbrar risco algum em tais experiências, ele incentivava-me o processo; mas eu, tenso e ressabiado com tantas dissociações passadas, acautelava-me.
Mas o que se há de fazer com um curioso incurável?
O que se há de fazer com um louco intratável que acredita estar são?
Deixá-lo enlouquecer cada vez mais?
Então, com o tempo, corajoso, selecionei uma destas chaves e abri uma destas portas brancas de luz e, ansioso, transpus o portal para este novo mundo, e aventurei-me com amor e entreguei-me a oração.
Mas que interessante, havia um respondedor dentro de mim...
Havia alguém dentro de mim que me ouvia com amor.
E esta voz desconcertante, meiga e gentil, falava-me ao coração.
À princípio, ela dizia que me amava e, depois, que jamais me abandonaria.
Dizia-me que já nos conhecíamos de outras vidas e que estava aqui para me proteger.
E começou a falar-me coisas da vida.
Com o passar dos dias eu insistia...


                                              Parte II

Eu o cumprimentava:
— Oi!
Ele respondia-me:
— Oi!... Como você está?
Eu retornava:
— Eu estou bem, e você?
— Eu estou bem, meu filho!... Eu te amo.
— Você me ama?
— Claro que sim!... Nós te amamos... Estamos aqui para protegê-lo... não deixaremos que nada de mal te aconteça!
— Obrigado!
— Por nada!... Fique com Deus... fique na paz de Deus... nós sempre estaremos com você... Boa noite!
— Boa noite! — respondia eu.
Depois de algumas semanas de rápidas e inconsistentes conversações, eu perguntei o seu nome.
Um silêncio prolongado, e uma resposta:
— O nome que você quiser me dar, meu filho... não importa!
— Mas qual o seu nome?... Eu não sei que nome lhe dar? — insisti.
— Espere mais uns dias e você saberá... fique em paz... Nós amamos você... Durma em paz e fique com Deus...
Passaram-se algumas semanas em que eu, totalmente absorvido por outros afazeres, esqueci-me completamente da voz.
Mas, numa dessas noites solitárias e angustiantes, quando lembrei-me de nós, perguntei:
— Você me abandonou?...
— Não, eu nunca o abandonei!
— Mas por que você parou de me procurar?
Ele respondeu-me carinhosamente:
— Eu nunca parei de te procurar... e nunca vou te abandonar meu filho... eu te amo...mais do que tudo....
— Mas por que você não falou mais comigo...? — insisti.
— Eu não parei de falar com você. Você é que não me ouvia!
— Você está brabo comigo?
— Jamais, meu filho... jamais eu ficaria brabo com você.
— Mas porque você me chama de filho? — perguntei.
— Por que eu gosto... Na realidade, somos todos irmãos!
— Você é meu pai?
— Não, não sou seu pai!
— Mas, então, qual o seu nome? — perguntei ansioso.
Ficamos alguns longos segundos em silêncio, e ele não me respondeu.
— O nome que você queira me dar... não importa... Um dia você vai saber! — repetiu ele.
Mais algumas semanas de conversação e a intuição me indicou:
— Você é Uriel? — arrisquei.
— Pode ser... Se você gostou deste nome, para mim está bem! Pode me chamar de Uriel!
— Mas, não é este o seu nome?
— É claro, meu filho! Este é o meu nome!
— Eu te amo Uriel! — falei confuso, esperando confirmação.
Mas ele simplesmente respondeu:
— Eu também te amo meu filho...te amo mais do que possa imaginar... Fique na paz de Deus!
Mais algumas semanas de treinamento, e Uriel começou a falar-me com extensão.
Depois destes dias, tudo o que eu lhe perguntava ele me respondia com amor e compreensão, e a nossa união se fortalecia.
Mas sempre que o assunto chegava a um ponto crítico, minha mente travava, bloqueava suas palavras e o assunto não fluía, se repetia.
Com medo de ouvir meu destino eu impedia-o de falar.
Eu não queria saber, e não liberava minha mente.
Em meus fortes apegos emocionais, apegavam-se os meus mais frágeis instintos de imortalidade.
— Tem coisas que eu não quero saber Uriel e não quero que você me conte!
— Tudo bem, meu filho, não te preocupes, não vamos te contar... Não precisa ter medo... nada de mal te acontecerá... nem com você, nem com sua família, que é o que você mais teme, não é mesmo? Algumas coisas acontecerão, mas você já tem suas indicações... Siga o seu caminho, liberte-se... Deixe as coisas acontecerem naturalmente... aceite... siga... vá em frente... Não tema os inimigos nem os reveses da vida... Cumpra tua missão e seja feliz... Faça o que Deus te designou... Não tenhas medo de amar e morrer... e ame de todo o seu coração... E não te preocupes, nós cuidaremos de você e iremos te ajudar.
— Por que você fala "nós" Uriel? Tem mais alguém com você?
— Tem meu filho, tem mais!
— Quem está com você, Uriel?
— Com o tempo você saberá. Com o tempo todos eles se apresentaram... tenha paciência...
— Mas por que só agora você apareceu? Por que não me procurou antes? Eu precisei tanto de você. — desconsolei-me emocionado.
— Por que só agora você me chamou... e estou feliz por isso... Nós sempre estivemos com você...e sempre estaremos...  Sempre falamos com você... Sempre estivemos ao teu lado para te orientar e ajudar, mas você não nos ouvia...sequer sabia que existíamos... Nós te amamos muito... e não deixaremos que nada de mal te aconteça!... Te prometo!
— Obrigado Uriel!
— De nada... descanse em paz e reze.
E nos momentos difíceis e solitários, de paz ou de tormentas, quando eu reiniciava minhas conversas com Uriel, ele sempre me reconfortava.
E Uriel ficava se repetindo, dizendo sempre as mesmas coisas, até que um dia....
E destes tempos em diante, ele nunca mais me abandonou.
E quando eu perguntava:
— Oi Uriel! Você está aí?
Ele respondia:
— Sim, meu filho, eu estou aqui.


    * "Há alguém aí?" perguntou o viajante
      Batendo à porta banhada de luar;
      E o seu cavalo no silêncio esmoeu as ervas
      Do chão de samambaias da floresta;
      E um pássaro ergueu-se voando da torre,
      Acima da cabeça do viajante:
      E ele bateu à porta pela segunda vez;
     "Há alguém aí?" perguntou.